outro espírito.

desde que as férias começaram que nasceram vários sentimentos, e novos momentos. maior parte deles maus, porém, muitos deles bons. houve uma altura que passava por aqui a tentar escrever algo e não me saía completamente nada, simplesmente sentia-me vazia.

mas, houve uma altura. quando o vi pela primeira vez, em carne e osso. sabia quem ele era, o nome, a idade... mas algo que me era novo era aqueles belos olhos azuis virados para mim e para a minha pessoa.

era o último dia de aulas... e eu estava completamente exausta e já nem tinha vontade para nada. mas quando o vi a olhar-me de alto e baixo sentia aquele aperto do tipo 'não olhes para mim porque te vais arrepender. eu sou feia'. porém, sentia ao mesmo tempo aquelas borboletas na barriga, coisa que eu já não sentia á muito tempo desde que o mundo me caíu em cima.

sabia que depois tinha que ir para casa, mas mesmo com o cansaço que tinha de tanto andar e de tantos sítios ir, queria estar lá para o mirar apenas mais uma vez.

quando já estava aborrecida e estava a caminho do carro que me iria levar a casa eu acabei por vê-lo passar rente a mim. nem sei bem se foi por acaso ou secalhar então foi por algum motivo, só sei apenas que aquele aborrecimento tornou-se num grande sorriso.

quando cheguei a casa com um grande sorriso que até a minha mãe ficou pasmada a olhar para mim. acendi o computador e só tive tempo para ler que a minha melhor amiga queria que eu fosse ao skype. conectámo-nos e comecei a ouvir vozes masculinas do telemóvel dela. eu fiquei nervosa e apenas lhe perguntei quem era e ela mostrou-me que a pessoa que estava a falar com ela era mesmo o rapaz que eu tinha acabado de ver no arraial. foi então que me ri, e houve uma altura que ele perguntou por mim e só me lembro de ver o vermelho a vir ás minhas bochechas.

acabámos no outro dia por começar a falar por mensagens. e eu por um altura pensei que ele estava a gozar nesses primeiros dias e que era um completo gozo, porém até agora tenho achado que ele sente alguma coisa, sente algo que nem ele sabe explicar. apenas por um lado sinto-me feliz por isso, mas por outro sinto medo de que as coisas corram mal, e que quando nos conhecermos ainda melhor pessoalmente ele mude de ideias. porque afinal eu já sinto aquela rejeição a mim própria desde á muito tempo, e estou habituada, mas custa, dói, e não tenho força para suportar isso outra vez.

e eu sei que pelo menos ele vai respeitar o facto de eu querer avançar lentamente, nós não sabemos o que o futuro nos espera. hoje pode falar comigo e amanhã pode não falar. hoje pode gostar de mim e amanhã pode não gostar. e é isso o meu maior medo.